Toda lagarta deve entrar em reflexão profunda dentro de si mesma antes de se tornar borboleta. Assim também é o ser humano!
Compartilho aqui, algumas das minhas reflexões!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fanatismo, Paixão e Realidade

Em muitos lugares e em muitas conversas sobre religião, volta e meia se fala um pouco sobre fanatismo. Muitos criticam com ojeriza aqueles que parecem fanáticos, julgando-os de “massa de manobra” das igrejas, já aqueles que parecem fanáticos assumem uma postura como se a sua razão fosse superior à de outros e ficam com aquele sentimento de “...Estão rindo de mim, mas verão que quem ri por último é que ri melhor...” Como se tivessem certeza de que seu comportamento  é na verdade uma busca incessante da divindade e que todos deveriam assim fazer.
É complicado falar de fanatismo sem mobilizar, mesmo que minimamente o ego de muitos, mas o intuito é esse. Só o movimento nos leva ao estado de questionar conhecimentos pré-estabelecidos.
Tenho percebido que o fanatismo não é nada mais que a paixão manifestada por uma determinada ideologia ou pensamento. Mas o que é paixão? Bom! O senso comum tende a entender paixão como algo avassalador, incontrolável, uma espécie de “amor exagerado” que acontece logo no início dos relacionamentos. E parece ser isso mesmo, mas a pergunta não é essa apenas. O mais interessante é perguntar: Por que?
Normalmente, nosso ego não gosta do desconhecido. Quando vê algo diferente, tenta logo comparar com algo que conhece para caracterizar, classificar e organizar. Porém, pessoas, e por que não dizer, tudo é mais complexo do que bom ou ruim, feio ou bonito, gordo ou magro, alto, baixo ou mediano, claro ou escuro, etc. Se estamos carentes de algo, colocamos expectativas perfeitas em nossa mente daquilo que nos é deficiente naquele momento: Se estamos desempregados, sonhamos com o emprego de Bill Gates (relevem meus exageros! Hehehe); se estamos sem namorada ou namorado, sonhamos com a mulher maravilha ou o superman; se não temos uma casa, sonhamos com uma casa de 5 quartos num bairro nobre. Mais uma vez, nada contra os sonhos, mas tudo contra a expectativa que é gerada normalmente através deles.
Devido a essa expectativa, quando conhecemos uma pessoa que nos parece “gente boa”, trazemos todas essas características “super” para esta pessoa. Acabamos por não enxergar quem está na nossa frente como ela é, e sim como nosso sonho dizia que ela seria. Pensando desse jeito, quem não teria um sentimento avassalador (paixão) pela mulher maravilha ou pelo superman?
Resumindo: Paixão acontece quando geramos sensações em nós mesmos ao nos relacionarmos com o que pensamos das pessoas ou coisas e não com as coisas ou pessoas como elas são.
Voltando então ao fanatismo, ele acontece exatamente quando as pessoas estão carentes de uma percepção religiosa, uma ligação com a divindade ou um sentido de vida, etc. A primeira noção de divindade ou ideologia que passe na frente e afinize-se, mesmo que minimamente, com a pessoa, poderá fazer com que ela apaixone-se por tais pensamentos. E qual é o mal disso? Se pensarmos sob essa lógica, todos nós já fomos ou ainda somos fanáticos por um clube de futebol, uma outra pessoa, um partido político ou uma religião, em maior ou menor grau, dependendo, a meu ver, da capacidade de reflexão de cada um.
O mal mesmo não é o fanatismo, até por que ele nos serve de aprendizado, no sentido em que nos ensina a nos entregar de corpo e alma àquilo que sentimos que vale a pena. Tudo bem que ainda de forma bruta, mas é um começo. Afinal, o Universo evolui passo-a-passo, sem pular etapas, do bruto ao polido, do grosseiro ao sutil. O difícil é ser flexível a ponto de usar da reflexão para desenvolver o senso crítico e se auto-questionar se o que estamos seguindo realmente vale a pena.
Todos nós, no começo de um relacionamento, seja ele com pessoas ou coisas, nos relacionamos com o que achamos da coisa e não com a coisa em si. O desafio aqui é aprofundarmos essa relação, para que ela não seja superficial. O desafio é enxergar a essência em cada um e em cada coisa. É muito fácil para um carente, apaixonar-se por um superman, difícil é essa pessoa enxergar que o superman só está nos olhos dela. Mais uma vez o Ego trabalhando no que não deve, transformando o que não conhecemos no que achamos que conhecemos.
O pior é que, se essas pessoas, enxergassem tudo e todos como realmente são, veriam que a essência de cada um é muito mais SUPER do que a gente pensa que é.
O Ego trabalha muito no esquema: Farinha pouca, meu pirão primeiro. O problema é que, quando o verdadeiro banquete chega, não tem mais onde colocar comida.
O meu recado final é: Viva o inusitado, o novo, ou melhor, a realidade. Pois nada é igual ao que passou.

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