Toda lagarta deve entrar em reflexão profunda dentro de si mesma antes de se tornar borboleta. Assim também é o ser humano!
Compartilho aqui, algumas das minhas reflexões!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A trilha de um homem só! - Parte 04

Quarta-feira 25/08/2010

Como sempre em viagens na montanha, acordei várias vezes à noite para me ajeitar, pois gera muito incômodo dormir sobre as pedrinhas e a terra do chão. Um momento eu até coloquei uma luva debaixo do meu joelho para eu dormir de lado sem dor. A noite não estava fria, dentro da barraca então estava tranqüilo. Eu só entrei no saco de dormir de madrugada. De novo, a noite foi regada de sonhos. 
Sonhei com um amigo mais baixo que eu, do lado de uma amiga baixinha que eu tinha apresentado e os dois estavam namorando. Diziam que iam se casar. 
Depois, sonhei que estava com um amigo, irmão do grupo, e nós estávamos em um lugar estranho, cheio de coisas imaginárias como monstros, vampiros, etc. Numa certa hora, descobrimos que isso tudo era a imaginação de 03 pessoas (02 mulheres e 01 homem) que corriam para lá e para cá com medo de tudo. Percebemos que estávamos numa espécie de UMBRAL ou MUNDO DA IMAGINAÇÃO, MUNDO MENTAL, etc. Conseguimos superar todas as adversidades, mas não conseguíamos convencer as 03 pessoas de que aquilo tudo era imaginação delas. Aí, tivemos a idéia de usar nossa imaginação para criarmos seres imagéticos iguais aos 03 e fazer com que eles morressem no mundo imaginário para que eles tivessem a sensação de morte e acordassem, caso estivessem dormindo, ou permitissem serem levados às Escolas do Astral, caso estivessem desencarnados. Quando as imagens deles morreram, todos nós fomos parar numa sala com um sofá grande e amarelo, e todos ficaram calmos. O homem dava muita risada. A loira parecia tímida e permanecia silenciosa. Mas a morena era toda “espivitada” e escandalosa. Parecia querer chamar a atenção. Começou a insinuar tirar a roupa e seduzir eu e meu amigo. Eu então acordei. - "Realmente, apenas o corpo físico dorme. A alma trabalha incessantemente, até quando estamos dormindo, quer percebamos ou não."
     Dentro da barraca mesmo, eu alonguei toda a musculatura. Olhei no relógio e eram 07:25. Percebi que tinha acordado tarde. Saí da barraca e fui pegar lenha para a noite.  Tinha determinado que o foco do dia seria onilaterar profundamente. Depois da lenha, separei o material para fazer o Nescau quentinho da manhã. Às vezes eu paro de fazer o que estou fazendo e apenas ouço o som da natureza. A sensação de integração é maravilhosa. Aquela sensação plena de estar em casa. Bate aquela vontade de trazer as pessoas que eu conheço aqui para experimentar o frescor, a beleza, a paz e a plenitude que é estar e se sentir na CASA DO PAI! – “Às vezes penso em todas as pessoas que nunca se deram a oportunidade de passar por experiências como essa. Certamente suas vidas não seriam as mesmas depois disso. Penso que talvez esse seja um dos motivos que levam as pessoas a fazerem uso de qualquer tipo de droga. A sensação de desintegração é tão grande que eles não sabem como explicar e buscam qualquer coisa que possa tirá-los dessa situação, mesmo que momentaneamente. O problema é que isso não deixa de ser uma fuga, e ninguém pode fugir do que é. A realidade cobra que nos conheçamos, e nem todos agüentam ver o espelho em sua frente, principalmente depois de tantas fugas. O melhor é dar tempo a si, para si. De preferência com a ajuda de amigos, principalmente no começo da saída do ciclo vicioso (seja de drogas, seja dos vícios comportamentais – ciúme, inveja, nervosismo, ansiedade, ira, orgulho, etc). É bom sempre lembrar que, se tivermos confiança, convicção e certeza, enfim, fé, perceberemos a maior riqueza que temos: os amigos. E eles estarão sempre lá para nos ajudar a sair de qualquer buraco que seja. Mas antes, nós temos que lhes dar a mão para sermos puxados do buraco!”
Tirei algumas fotos do café da manhã e da casa de meus vizinhos. Hehehehe!!! Eram dois formigueiros que eu achei quando cheguei no santuário e resolvi deixá-los ali. Para evitar que eu esbarrasse neles, fiz um círculo de pedras ao redor da entrada de cada um. Na hora de preparar o café, dei uma de "McGyver". Tinha percebido que demorou muito para esquentar o nescau no fogareiro no dia anterior por que o fogareiro era fundo e o fogo ficava muito afastado da panela. Coloquei terra para aumentar o nível do fundo, cobri com papel alumínio e coloquei o tablete de álcool sólido em cima. Ficou perfeito. Tomei meu Nescau, comi uma maçã e umas bolachas. Usei minha caneca do Baêa!!!!Hehehe!! Depois, lavei tudo, escovei os dentes, peguei o GPS, o binóculo e o cajado e saí decidido a achar os outros 03, ou pelo menos 01 dos santuários que faltavam.
Bora Baêa!!!!
Comecei descendo mais ou menos na direção da saída principal do santuário, mas não achei nada, apenas dava para ouvir o som da água do rio. Logo imaginei que não devia haver santuário por ali pois, descendo mais eu sairia no vale próximo ao rio que à esquerda daria num matagal, onde atrás fica o descampado de seu Jura e à direita eu sairia do Guarda-Mor. Além disso, o Santuário da Caverna, que era o único que eu já tinha ido e ainda não tinha achado nesta viagem, não tinha barulho de água;  e quando eu tinha ido a ele era época de chuva (Janeiro/2010) e o rio devia estar até mais cheio e fazendo mais zoada. 
Conhecem bucha de trilha??
Quando olhei à direita, atrás de mim, acima, vi umas pedras com um buraco. Podia ser a saída traseira da caverna. Subi até onde estava a barraca e resolvi sair pela outra saída do santuário até acima daquela caverna. Fui subindo e nada. Usava o binóculo, mas nem sinal de santuário. Meio que de surpresa, vi um mato amassado à direita. Não sabia se era mesmo uma trilha, pois estava no meio das pedras. Segui e cheguei em um santuário.  Vi de longe que era um, pois as pedras dos outros lugares são mais escuras devido ao limo e à lixiviação da chuva. Como nos santuários nós é que colocamos as pedras, sempre fica para cima alguma parte que estava em contato com a terra ou que caiu de um outro lugar mais recentemente e a superfície deste tipo de pedra é rosada. Fiz todas as formalidades, entrei e fiz um G:. na hora de sair. Achei uma pena não ter trazido a câmera, mas marquei no GPS como “Santuário Desconhecido”. Acabava de completar 05 santuários achados, mas eu queria mais. Vi uma trilha na saída deste santuário e, logo acima, encontrei outro. Fiz tudo de novo, como manda o figurino e marquei no GPS este como “Santuário Desconhecido 2”. Na hora de fazer o G:., pedi em minhas palavras que eu recebesse um sinal deste encontro e me coloquei mais uma vez à disposição da falange médica da galáxia e todos os irmãos que trabalhavam com as neurociências e ciência médica na Terra para que eu pudesse deixar alguma obra que auxiliasse a humanidade deste planeta a viver mais integrada e sofrer menos, desvendando o véu de Ísis da espiritualidade (tinha sido orientado pelo Mestre a me deixar à disposição deles nessa viagem). No sexto movimento eu recebi o sinal esperado do elemento AR o qual cessou imediatamente, quando passei para o próximo movimento. Realmente, não existe nada como estar em Casa!!!
Decidi continuar subindo e ver no que dava. Acabei chegando na trilha que dá no Santuário de Iniciação do Elemento Terra e percebi que não tinha procurado direito, pois teria visto os dois santuários que acabara de achar logo abaixo.
Resolvi continuar subindo, tinha a intuição que ia achar o sétimo santuário: o da Caverna. Na subida, à esquerda de quem sai do Santuário de Iniciação da Terra, vi uma trilha do meu lado e comecei a subi-la rápido e cheguei lá: Tarefa Cumprida!!!
À minha frente estava o último Santuário, o da caverna. Fiz as formalidades, marquei no GPS e agradeci profundamente ao Pai; à mãe, mestra e serva Natureza;  aos elementos; aos elementais da região; ao meu guia; meu mentor e meus protetores, enfim, todos aqueles que contribuíram para aquele feito. Fiz tudo isso num G:.; e nele percebi , no fundo de minha alma, o encontro com tudo e com todos, o encontro com o Pai. Dei uma olhada na caverna e voltei, descendo e procurando trilhas mais fáceis do que o caminho que fiz para subir. Achei uma trilha ótima que levava ao Santuário onde eu estava acampado, marcando com um totem de pedras a entrada da trilha. Cheguei, guardei tudo na barraca, peguei o bom e velho suco de uva, a caneta e o bloco e fui escrever sentado nas pedras e contemplando a imponência das montanhas. Lembrei que aquele dia era o dia que minha esposa completava 03 anos de formada. Dei meus Parabéns, sabendo que, mesmo não estando presente fisicamente, meus pensamentos de congratulações chegariam a ela. A distância física era um mero detalhe.


CONTINUA . . .

domingo, 23 de janeiro de 2011

A trilha de um homem só! - Parte 03

A História Continua!



Terça-feira 24/08/2010

A Neblina
Eram 06:25. Acordei numa boa. O frio realmente estava grande, mas nada pelo que eu já não tivesse passado. Alonguei bastante todos os músculos que pude, fiz um G:. e fui comer. Fiz um Nescau quentinho no fogareiro que Clérisson (Kel) me emprestou, comi umas bolachas, banana e castanhas, depois, vim escrever. A garoa está molhando bastante. Esperei o céu limpar para ir para o outro santuário.
         Ledo engano. A garoa demorou muito de passar (11:30). Rearrumei as coisas várias vezes para não molhar nada, mas estava decidido a ficar ali até o sol abrir para secar tudo, principalmente o lençol. Refleti um pouco sobre o que ia fazer hoje e decidi descer o outro lado do Santuário da Luz para ver o que tinha embaixo, mesmo no meio da neblina.

Surpresa! Achei, logo abaixo, outro santuário, bem menor e todo cheio de mato. Parecia que ninguém passava por ali há muito tempo. Fiz todas as formalidade para entrar nele, inclusive um G:. lá dentro. Incrível como a cada G:. a profundidade e as sensações de energia correndo pelo corpo parecem que aumentam.
Continuei descendo para ver se achava outro santuário, mas nada. Voltei. Comecei a onilaterar às 08:45 e fiquei praticamente uma hora apenas com o exercício de estimulação da pineal (o:. p:. p:. do n:.), só no finalzinho que eu fiz a T:. M:..
Santuário abaixo do S. da Luz
Quando acabei, a neblina já estava bem melhor. Sentei e comi um pouco. Arrumei tudo exposto ao sol para secar, passei o protetor solar e fui ao outro santuário limpá-lo.
Ao terminar, despedi-me com todas as formalidades e voltei para cima. Arrumei a maioria das minhas coisas e fui escrever.
Depois de escrever, terminei de arrumar as coisas. Só num ambiente como esse de silêncio e integração consigo que percebemos o quanto criamos ou trazemos à tona pensamentos desnecessários. Enquanto arrumava a mochila, parecia que eu estava com um ipod e um fone no ouvido, ouvindo músicas das mais variadas. Isso acontece principalmente nas tarefas que já são mais automáticas. Incrível como ainda somos desatentos ao que fazemos.
Meu cajado: amigo-irmão
(Coitado, cheio de curativos! Hehe!)
Coloquei a mochila nas costas, fiz um G:. para me despedir do Santuário da Luz (O Preâmbulo) e peguei de novo a trilha. Lembrar também que vi uma garrafa de vidro, uma de plástico de 1,5L, uma de 05L e alguns sacos lá, arrumei tudo na mochila para não deixar o lixo lá. É bom alertar e avisar àqueles que fazem trilha, que devem levar o lixo que trouxeram, sempre.
A natureza é a manifestação material mais direta da divindade.  Demonstração factual das Leis Universais. Ela sobrevive a tudo. A questão é que não precisamos desequilibrá-la só para provarmos que ela pode se equilibrar novamente. Afinal, até no segundo grau aprendemos que as energias tendem sempre ao estado de equilíbrio. É a Natureza seguindo seu curso. Sermos seres conscientes, pressupõe também compreendermos que somos parte integrante desta natureza, e que o desequilíbrio que causamos nela, também estamos causando em nós mesmos. A força que ela moverá para se equilibrar novamente gerará conseqüências que nós também passaremos.
O Vale
Na descida, passei pelo portal e cheguei ao riacho que parecia não “ver” água há um bom tempo. Comecei a subir pelo outro lado do vale procurando a trilha que eu havia visto durante a descida. Deixei a mochila no vale e levei só a câmera, o GPS e o cajado. Cheguei lá em cima e tive outra grata surpresa: Achei o Santuário do Elemento Terra. Passei por ele e fui ver se tinha água na corredeira logo abaixo, onde bebemos água na trilha de Janeiro/2010. Porém, nada de novo. Tudo seco.
Subi e segui outra trilha, mas não achei mais santuário nenhum. Voltei ao santuário que tinha achado e entrei com as fomalidade, marquei no GPS e fiz um G:. de despedida. A água já estava escassa. Não via a hora de achar o santuário que eu queria para ir no rio tomar um banho e encher as reservas de água. Voltei então para onde tinha deixado a mochila e continuei a andar rumo ao rio, pois lembrava que nessa trilha tinham duas saídas que deveriam indicar dois outros santuários.
Esse eu ajudei a construir
Achei a primeira das trilhas e subi. Vi que estava indo para o Santuário que eu havia ajudado a construir no Carnaval de 2008. Adorei! Botei a mochila no canto, do lado de fora, fiz as formalidades, entrei e limpei o santuário. Por sorte, também tinham deixado lenha para a fogueira e não precisei sair para catar. Arrumei a fogueira para acendê-la mais tarde e dediquei-me a montar a barraca. Depois de tudo arrumado, peguei meu “kit banho”, a bolsa impermeável, o GPS, meu galão de 05L, o cantil e o cajado. Fui feliz da vida para o rio, sempre olhando para ver se achava a outra saída na trilha que talvez me levasse a outro santuário, mas não vi nada. Eu estava me sentindo em casa.
Cheguei ao rio e tomei um banho rejuvenescedor. Lavei cada cm2 do meu corpo. A água estava fria como de costume. O rio estava mais vazio e a vegetação havia crescido muito, mas a sensação era de primeiro banho. Vi um vulto à minha direita, enquanto me banhava e o cumprimentei. Depois, enchi o cantil e o galão e voltei. Na volta, a pilha do GPS acabou, mas não me preocupei. Seria difícil eu me perder. A trilha era clara.
Quando vi a saída que estava procurando na ida para o rio, percebi que era uma bifurcação da mesma trilha que levava para o santuário onde eu estava. Cheguei, fiz um suquinho e coloquei tudo ao meu alcance dentro ou na varanda da barraca. –“De vez em quando vêm pensamentos de meu pai, minha mãe, Déa, alguns colegas, alguns irmãos, mas decidi perseverar mais no sentido de aumentar a percepção sobre mim mesmo.” – Fiz um lanchinho na barraca mesmo e vim escrever. Durante a escrita, parece que ouvi um rosnado, mas continuei. A hora era 16:50.
Liguei o rádio e comecei a alongar os músculos dentro da barraca mesmo. Agora eu vejo a real importância destes alongamentos. Tinha percebido até uma flexibilidade maior.  –“Às vezes fico pensando no que fiz ou deixei de fazer, mas logo percebo que, onde estou não é lugar para criar ou reavivar pensamentos. Talvez o fato de eu pensar tanto nos outros seja um reflexo de saudade ou algo assim. Acho que a solitude em um lugar incomunicável é uma experiência que todos deveriam ter, por nos dar a oportunidade de passar, em um ambiente favorável, por sensações que só experimentamos na vida cotidiana, em um ambiente hostil e de forma trágica. Em outras palavras, melhor aprender pelo sentimento que pelo sofrimento. Ou, como dizem os Kardecistas, melhor pelo amor que pela dor.”
Fui então melhorar minha concentração, fazendo exercício de C:. P:. e R:., mas desta vez contando de 10.000 - 0 a 9.000 - 1.000, para aumentar a dificuldade. Passei uma hora nisso. Aí saí. Fui tentar ver se o rádio pegava e nada. Pensei: “Desta vez estou só mesmo.”(pelo menos materialmente falando)
Fui então pegar o material para fazer o fogo. Eram 18:10 ainda, mas já estava tudo escuro. Fiz o fogo e fiquei um bom tempo contemplando-o – “Essa foi a ciência de iluminação do grande Zoroastro da antiga Pérsia. Contemplar o fogo era um de seus exercícios favoritos. – Quantas coisas podemos aprender no simples contemplar do fogo?”. Depois, peguei a comida para cozinhar. Hoje, água é o que não falta. Coloquei duas sopas de frango com milho + miojo + queijo ralado. Esta sim estava de lamber os beiços. Pena que eu sempre esqueço de tirar foto. Arrumei as coisas dentro e na varanda da barraca e vim escrever. Depois, fiz o exercício da E:., mas minhas pernas estavam muito doloridas e acabei fazendo menos tempo do que queria. Deitei e fui fazer exercício de auto-percepção. Lembrei logo depois que a fogueira estava “morrendo”. Saí, coloquei um bocado de madeira para queimar e voltei ao exercício e caí no sono.

A quarta-feira vem aí! E é bem grande...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A trilha de um homem só! - Parte 02

Caros Amigos,

Como alguns pediram, vou fazer duas postagens por semana, para que todos possam acompanhar.
Espero sugestões e comentários!
Muita PAZ!!

Segunda-feira 23/08/2010
Acordei logo cedo com o cacarejar dos galos da região. Tinha armado minha barraca ali mesmo, na varanda da frente de seu Jura. Tentei dormir mais um pouco. A noite tinha sido como qualquer outra na montanha: várias acordadas para me virar, mas tudo normal (ou melhor, comum). Entrei na casa e seu Jura já estava passando um cafezinho pra gente. D. Raimunda veio logo depois.

Comecei a desarmar a barraca quando seu Deinho chegou. Eu e seu Jura contamos para ele a minha aventura do dia anterior e ele disse que eu tinha que agradecer à cachorra de Carlinhos  e não ao próprio, pois ele só tinha ido a Catolés para pegar a cachorra que tinha fugido (Realmente, Deus escreve certo por linhas tortas!).
Ficamos eu, seu Jura e Deinho conversando um pouco. Depois decidi rearrumar a mochila pois não daria para subir  ao SANTUÁRIO DA LUZ com aqueles 27kg nas costas. Tirei mais ou menos uns 5kg da mochila e fui comendo algumas coisas: banana, uva, bolacha, etc. Tomei mais um cafezinho com D. Raimunda com dois pedaços de pão e fui andar. Fui à trilha.
Seu Jura foi comigo durante uma parte. Logo no comecinho, paramos no rio perto da casa, onde sempre tomamos banho quando vamos em grupo. Lavamos o rosto, molhamos o pano que sempre usamos para refrescar a cabeça (aquelas fraldas de algodão de bebê) e passamos protetor solar. Fomos seguindo. Na trilha principal, parei com seu Jura para fazer um G:.. Ensinei a ele e fizemos juntos. Incrível! Foi lindo! As sensações foram muito boas. Sentia que aquela viagem seria inesquecível. Nas paradas para descanso, conversávamos e ele me mostrou ser senhor de uma sabedoria ímpar. Ele e o pai dele que, segundo o próprio, tinha diversas frases de efeito, como: “o que vem fácil, não presta, meu filho...” e outras mais e muito mais ricas que eu não lembro agora. Eu fui na frente e descobri a passagem para a cachoeira. Paramos lá, e de lá mesmo seu Jura voltou e eu segui. Ele tinha que voltar para ajudar seu Deinho, pois eles estavam construindo uma espécie de Silo que seu Jura iria usar para guardar café.
A trilha era fácil até o rio. Na subida do santuário era mais complicada, mas eu achei e ficou tudo bem. Cheguei sem nenhum problema no Santuário da Luz. Tirei algumas fotos, marquei o ponto no GPS, peguei o lençol, o travesseiro inflável, o E.V.A. e a comida. Fiz uma sombra com o lençol e uma pedras; tomei um achocolatado e vim escrever. Depois fui comer mais um pouco e fazer uma sesta para descansar e depois caprichar nas onilaterações. Eram 10:30.
Comecei a onilaterar às 11:30. Fiz dois exercícios de reflexão (E:. e E:. S:. O:. Q:. S:.) e dois de concentração (C:. P:. R:. e A:. M:.). Não tive muitas experiências místicas nesses exercícios. Acho que estava mesmo me afinizando com a egrégora da região.
Levantei e fui logo limpar o santuário no sentido que cabe. Tirei mais algumas fotos, comi um pouco e fui arrumar a fogueira.
Quando cheguei no santuário, tinha decidido dormir sem barraca pois não havia nenhum sinal de chuva, logo, tinha que deixar a fogueira semi-pronta para qualquer eventualidade. Já tinham deixado alguma lenha. Eu nem precisei sair para catar. Depois, fui fazer um G:. e marquei minha presença no ambiente para todas as entidades, elementais e demais seres da região. Depois, fiz 07 grupos de 07 C:. D:. e repeti a dose no AUM. Então, vim escrever. Eram 18h e já estava escuro.
Enquanto escrevia, vi duas baratas do mato bem grandes perto do E.V.A. Logo veio a intuição de acender a fogueira para espantar os animais. Assim o fiz. Peguei o Kit Fogo e acendi sem problemas. O fogo não teve dificuldade de pegar pois tinha muito candombá (tipo de planta da região) e vento na hora. Fui à mochila separar o prato do dia: miojo + sopa aos 04 queijos + queijo ralado + atum em lata. A comida ficou pronta bem rápido. Vi uma luz diferente no céu enquanto cozinhava. Foi bem atrás das montanhas do outro lado do vale. Muito rápido, passando horizontalmente e desapareceu no ar. Senti que pudesse acontecer algo mais tarde. Quem sabe!?
Comi minha comidinha deliciosa, depois arrumei as coisas. Trouxe tudo bem coberto para debaixo do lençol estirado e fui escrever de novo. Um pouco mais tarde, continuei alimentando a fogueira para evitar surpresas à noite. Fiz o S:. da G:. F:. B:. U:. e um G:. (durante ele, senti uma aura dourada ao meu redor, como se estivesse pulsando).
Tirei as botas e fui deitar. Acordei várias vezes à noite devido ao frio e à má posição. Braço dormente, coluna doendo, mas tudo faz parte. Nossos ancestrais dormiam assim todo dia. Sonhei com várias coisas. Lembrei depois de algumas.
No meio da madrugada, olhei para o céu e ele estava todo nublado. Voltei a dormir.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A trilha de um homem só! - Parte 01

Caros amigos!
Para quem não sabe, fiz uma trilha sozinho em agosto/2010, durante 06 dias na Chapada Diamantina e vou usar meu blog para falar um pouco dessa experiência.
Alguns amigos já me cobravam e aí vai o relato. Depois vou publicando os outros dias.
E começa mais uma história:


Domingo 22/08/2010
Saí de casa mais ou menos às 05 horas da manhã e fui para o posto BR da Rodoviária encontrar os outros irmãos que estavam indo para Itapema fazer outro tipo de trabalho. O combinado era irmos em comboio de carros até a entrada para Santo Amaro. E assim fizemos.
O resto da viagem foi tranquila. Até Itaberaba a estrada estava ótima. Parei no posto que sempre paramos quando voltamos de nossas viagens da Chapada. Comi um pastel de frango e tomei um suco de laranja; abasteci o carro e parti. Passei por Lençóis algum tempo depois, quando a paisagem começou a ficar ainda mais bonita. Tirei várias fotos do Morro do Pai Inácio e tudo.
No caminho para Piatã, a estrada tinha sido recentemente renovada, a não ser por alguns trechos. Mas o melhor é que não tinha quase carro nenhum. Gostei principalmente da falta dos caminhões que enchiam as BRs pelas quais passei (116 e 242).
Chegando em Piatã, liguei o GPS de trilha, mas mesmo assim, falei com um frentista do posto que me informou sobre a estrada para Catolés.
Para minha grata surpresa, os pontos que eu havia marcado no GoogleMaps corresponderam perfeitamente, com erros de apenas 20 metros em média. Continuei seguindo os pontos e confirmava sempre perguntando informações pelos vilarejos que passava. Foi tudo perfeito, pelo menos até Catolés.
Chegando lá, eu falei com Paulo da Rural que ia tentar ir a pé (afinal ele havia cobrado R$ 40,00 por trecho, o dinheiro estava escasso e eu não me sentia assim tão cansado). Me confundi um pouco para achar a casa de seu Jura em Catolés, mas achei depois de uns 15 minutos e deixei o carro na frente da casa dele como de costume. Comi umas esfirras de queijo deliciosas numa lanchonete da vizinha de seu Jura (parecia Habib´s!heheeh!!), comprei umas pilhas, arrumei tudo no carro, botei a bota e me mandei.
A mochila pesava demais. Eram 27 Kg que eu havia pesado em casa, antes de sair de Salvador. Pensei que prejudicaria minha bacia, pois já havia apresentado uma dor do lado esquerdo há uns meses, mas agora não tinha mais jeito (eram só 5 km). Saí de Catolés às 15:30 e fui seguindo o sinal do GPS. Imaginei chegar na casa de seu Jura às 17 horas (ledo engano!!).
O terceiro ponto de coordenadas que eu havia marcado pelo googlemaps começou a mostrar que a distância aumentava à medida em que eu ia seguindo a trilha. A esse ponto eu já havia achado estranho duas cancelas que havia passado no caminho e que eu não lembrava de outras viagens. Além disso, eu estava em um descampado, cheio de bois e vacas, coisa que também não era comum nas outras trilhas que havia feito. Fiquei um pouco assustado, coloquei o GPS para buscar o ponto da casa de seu Jura e ainda faltavam 2,5km. Para todos os lados só havia morros. Para sair dali eu teria que, com certeza, subir algum deles e com aquela mochila enorme que pesava cada vez mais.
O GPS apontava leste, mas a trilha seguia noroeste. Nesse momento, percebi que a trilha verdadeira deveria estar acima à minha direita e saí da trilha seguindo uma cerca à minha direita. Pulei a cerca e vi uns canos azuis subindo o morro à direita, sem falar que à frente o morro era muito mais alto. Comecei a subir seguindo a tubulação, pois havia lembrado de umas tubulações semelhantes ao lado da trilha verdadeira em outras viagens. Fui seguindo a tubulação até chegar a duas caixas d’água pequenas de mesma cor. Vi outra trilha meio fechada que bifurcava, então segui pela que estava mais aberta e que o GPS diminuía a distância à medida em que eu andava.
Tive certeza que lá atrás eu devia ter pego à direita e eu peguei a esquerda. Então continuei subindo sem me preocupar em chegar na casa de seu Jura. O foco agora era achara trilha certa antes de anoitecer. A noite lá caía antes de 18h. Coloquei no GPS para ver quanto faltava para a casa de seu Jura (1,6km). Quase desesperei. Já havia subido muito e estava com pouca energia. Eu já havia feito um G:. e pedi a ajuda de muita gente durante a subida. Vi uma corredeira de água e fui seguindo rio acima. Vi de novo o cano azul e um preto mais fino do lado. Sempre me aproximando, cada vez mais, do famigerado “ponto 16” que eu havia marcado no googlemaps. Vi então uma cachoeira conhecida de alguma outra viagem voltando da casa de seu Jura, mas nada de trilha. O GPS apontava 280 m para o próximo ponto na direção do outro lado da cachoeira. Eu subi seguindo os canos e vi uma casinha lá em cima do outro lado da cachoeira. Depois, reparei a cerca de pedra e desconfiei que ali era a trilha certa. Lembrava de que haviam casinhas como aquela na trilha e uma cerca de pedra ao lado.
Finalmente cheguei na trilha. Que alívio! Fui seguindo ela. A trilha era quase toda subida. Eu já estava estafado. Dava 50 passos e cansava. Dei uma parada mais longa para comer e recuperar um pouco as energias. Mas para aquilo tudo, eu tinha que descansar durante muito tempo. Já estava noite. Olhei no GPS e faltava quase 01Km para a casa de seu Jura. Cheguei a passar pelo riachinho no meio da trilha e, logo depois, percebi uma voz que foi se aproximando. Era Carlinhos, pessoa muito prestativa que passei a conhecer naquele instante. Perguntei se a trilha para a casa de seu Jura era aquela mesmo e ele me confirmou, dizendo para segui-lo. Ele estava montado em uma mula. Com alguns passos, falei a ele que não suportaria aquele ritmo e pedi a ele para levar a mochila no lombo da mula. Ele prontamente me auxiliou.
Cheguei na casa de seu Jura exausto, mas como sempre, fui otimamente recebido. Eram 20h. Dei um dinheiro para Carlinhos para agradecer a ajuda e fiquei lá com D. Raimunda e seu Jura batendo papo, tomando um cafezinho (o melhor do Brasil, diga-se de passagem), jantei com eles e armei a barraca.
Ensinei seu Jura e D. Raimunda a usarem o rádio. Pedi que ligassem e aumentassem o volume todos os dias às 17h e desligassem quando fossem dormir. Era mais uma precaução caso eu precisasse de ajuda para alguma coisa. Responsabilidade e prudência são essenciais numa viagem como essa. A fé não é sinônimo de preguiça e deixar o universo conspirar e fazer tudo por nós. É fazermos nossa parte e confiar que o universo conspirará para fazer todo o resto que não esteja a nosso alcance, mas que seja essencial para a realização da obra. Afinal, todo esforço será recompensado. Uma das principais leis do universo é a Meritocracia.